Um estudo realizado pela Fiocruz revelou que o zika vírus pode atravessar a placenta. De acordo com o Instituto Carlos Chagas, da Fiocruz do Paraná, o DNA do vírus foi encontrado no tecido da placenta de uma gestante que teve a gravidez interrompida.
A grávida, que teve um “aborto retido” (quando o feto para de se desenvolver no útero), mora no Nordeste e seu caso pode ajudar a trazer evidências ainda maiores da que o zika vírus é o causador da microcefalia reportada em diversas gestantes no país.
A pesquisa, liderada pela virologista Cláudia Nunes Duarte dos Santos, utilizou anticorpos para identificar uma infecção na gestante. Feito isto, os pesquisadores notaram a presença do zika por meio de um teste laboratorial chamado PCR, que detecta traços genéticos do causador da doença.
De acordo com a Fiocruz, possivelmente o vírus está chegando até o feto por meio de uma célula específica, chamada “Hofbauer”, que faz parte do sistema imunológico e, em grávidas, é responsável pelas “manutenções” da placenta. É a partir daí que estas células, que deveriam funcionar como protetoras do bebê, carregam o vírus para dentro da placenta, causando a infecção dos fetos.
“Embora não possamos relacionar esses achados com os casos de microcefalia e outra alterações congenitas, este resultado confirma de modo inequívoco a transmissão intrauterina do zika vírus, além de contribuir na aquisição de conhecimento sobre sua a biologia e auxiliar no delineamento de estratégias que visem bloquear o processo de infecção e transmissão”, afirmou Cláudia, em comunicado publicado pelo Instituto Carlos Chagas.
Sobre o Zika – Os primeiros artigos sobre o vírus, publicados na década de 1950 e 1960, revelam que o zika é um vírus que pertence à família dos Flavivírus, a mesma da dengue e da febre amarela. Transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, ele entra na corrente sanguínea e pode infectar células da pele, do sistema linfático e a conjuntiva (membrana que reveste os olhos). Por isso, os sintomas do vírus que permanece por volta de dois a três dias no organismo são a formação de manchas na pele, gânglios ou conjuntivite, além da febre baixa e mal-estar característico das infecções. Contudo, em até 80% dos casos, o zika pode ser assintomático – ou seja, não causar sintoma algum.
Publicado em : 22/01/2016
Fonte : veja.abril.com.br –