Felicitações a nossa colega ginecologista Profª. Dra. Marta Curado Carvalho Franco Finotti, ex-presidente da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia, por sua posse na Academia Goiana de Medicina. A SGGO congratula, em nome dos colegas ginecologistas e obstetras, por esta honrosa conquista.
A nova acadêmica é titular da cadeira nº 14, que tem como patrono o acadêmico Joaquim Abreu Teixeira, como fundador o acadêmico Luiz Onofre Velloso e como titular o acadêmico Abrahão Afiune Neto.
Em seu discurso de posse, realizada no dia 30 de abril, Dra. Marta Finotti fez referência aos desafios da sua formação em Medicina e da especialização em Ginecologia e Obstetrícia. “De 81 a 83, especializei-me no Hospital Geral do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social, em Goiânia. Foram dois anos de muito aprendizado e inúmeras horas de plantão. Atuar nas áreas de Reprodução Assistida, de Ginecologia Endócrina e de Endoscopia ginecológica, motivou-me no momento da escolha da especialidade”, salientou.
Dra. Marta ainda lembrou do nascimento de suas filhas durante os anos de residência, em 1981 e 1983. “Não foi fácil conciliar a maternidade com os afazeres desta etapa da minha formação. Mas quando me tornei mãe, me senti mais completa e tive ainda mais certeza da minha escolha pela Ginecologia”, ponderou. “É gratificante auxiliar na realização de sonhos, ver mulheres se tornarem mais fortes e focadas, assim como eu mesma me transformei com a maternidade”, completou.
Confira o discurso completo:
Boa noite a todos!
Cumprimento a mesa diretora, autoridades, acadêmicos, amigos, colegas e familiares que prestigiam este ato solene. Saúdo a todos, em nome do Presidente da Academia Goiana de Medicina, Professor Doutor Natalino da Cunha Peixoto.
Ser empossada hoje, 30 de abril de 2022, como titular da Academia Goiana de Medicina, é uma grande honra. Ter sido indicada pelos Professores Lindomar Guimarães Silva e Vardeli Alves de Moraes, e ter o meu nome referendado pelos colegas acadêmicos, confrades e confreiras pelos quais tenho grande admiração, trouxeram-me muita alegria.
Lamento, profundamente a ausência, neste momento, desses meus grandes amigos e mestres. Vocês partiram prematuramente, mas tenham a certeza de que nunca serão esquecidos, viverão para sempre em nossas memórias e nossos nossos corações.
A cadeira de nº 14, a qual passo a ocupar, tem um histórico de peso. Passaram por ela o patrono Joaquim Abreu Teixeira, professor dedicado, anatomista renomado, com importante papel na formação de muitos médicos de sucesso. O fundador Luiz Onofre Velloso, que deixou respeitável legado à Oftalmologia; e o titular Abrahão Afiune Neto, admirado por sua história de dedicação à Medicina e à Cardiologia.
Abrahão foi professor da Universidade Federal de Goiás; coordenador de Semiologia daquela universidade, disciplina que é um dos pilares do saber médico; fundador da Uni-Evangélica de Anápolis; vice-presidente da Associação Médica de Goiás, em dois mandatos; bem como vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, só para citar alguns de seus grandes feitos profissionais e acadêmicos. Defendeu sua tese de doutorado em cardiologia na conceituada Universidade de São Paulo, em 2005. Na Academia Goiana de Medicina, fez jus à titularidade de guardião da ética e dos bons princípios da Medicina, em Goiás e no Brasil. Tenho certeza de que sua esposa Isabel e seus filhos Fernanda, Rodolfo e Abrahão Júnior têm tanto orgulho do legado que ele deixou quanto nós, colegas, temos de ter aplaudido suas conquistas. Você continuará sendo inspiração, Abrahão.
Dar sequência ao admirável trabalho realizado por estes nomes na Academia Goiana de Medicina é, para mim, motivo de profundo contentamento. Um presente que recebo com apreço e humildade e, por isso, afirmo: irei me dedicar, juntamente com os demais colegas que ocupam posição nesta academia, a honrá-la, bem como a lutar por melhorias e transformação para a medicina e para a prestação de saúde aos goianos.
Aproveito para ressaltar não só os membros desta AGM, mas todos os meus mestres, com os quais tenho uma dívida de gratidão eterna. Foram seus ensinamentos que me trouxeram até aqui e me permitiram vivenciar este precioso momento. Seus conhecimentos, experiências e dedicação contribuíram sobremaneira com minha formação como profissional e como pessoa. Agradeço a todos, na pessoa do Professor Doutor Heitor Rosa, a quem chamo carinhosamente e merecidamente, de mestre dos mestres. É um privilégio ser saudada, nesta solenidade, por um amigo e confrade que eu tanto admiro.
Feitos os agradecimentos aos confrades e confreiras desta casa, colegas de profissão responsáveis por inspirar grande parte de minha trajetória como médica, peço licença para me referir, agora, ao meu bem maior, o meu esteio, o meu porto seguro: minhas famílias, a de origem e a que eu construí. Perguntaram à Madre Teresa como poderíamos promover a paz mundial, e ela disse: “vá para casa e ame a sua família!” É exatamente assim, família, que me sinto tendo vocês como minha base: em paz!
Agradeço meus pais, Luiz Carlos e Terezinha, por terem me dado a vida e todo suporte necessário para vivê-la de forma plena e feliz. Vocês sempre me incentivaram e torceram por mim, sendo a inspiração de lar que eu gostaria de construir. Minha avó, Iná Silva Curado, por sempre ter sido minha apoiadora e ter dado asas aos meus sonhos; ela nunca será esquecida, pois mora no meu coração. Meus irmãos, irmãs, sobrinhos, sobrinhas, cunhados e cunhadas pelo carinho e consideração de sempre. Minha família é numerosa e muito unida.
Minha gratidão a Deus pela família linda que formei com meu colega de turma Hélio Augusto Finotti. Construímos uma relação sólida, pautada em amor e em companheirismo, a qual se mantém até hoje. Minhas filhas, Ana Carolina e Ana Paula, e o meu filho Tiago são minha razão de viver, felicidade e esperança, que se renovam nos netos e netas: Rafael, Catarina, João Pedro, Théo e Maria Eduarda, nossa caçulinha. A vocês, todo o meu amor. Meus genros Bruno e Rodolfo e a minha nora Maryam vieram somar e completar a nossa família. Agradeço, também, a família do Hélio: meu sogro, minha saudosa sogra, cunhados e cunhadas, que me acolheram sempre.
A cada um de vocês, minha gratidão e os meus mais sinceros agradecimentos.
Assim como nossas famílias, que são base, amparo, guia, a Medicina é, para muitos dos presentes aqui hoje, uma grande paixão. Seja pelas conquistas pessoais e profissionais que ela permitiu, seja pelas descobertas, alegrias alcançadas ou desafios enfrentados ao longo da jornada. Para mim, o sentimento é exatamente este: a Medicina é uma grande paixão, e mais, um enredo de amor, construção familiar, desenvolvimento como ser humano.
Hoje, um filme se passa em minha cabeça. Lembro-me, claramente, do dia em que recebi o resultado do vestibular que atestava meu ingresso na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás. Tinha 17 anos e experimentei um dos maiores contentamentos de minha vida. Já adiantei a vocês que me casei com um colega de faculdade, mas saibam que nosso encontro aconteceu ainda na festa de comemoração do vestibular. Ou seja: nosso relacionamento existiu durante todo o período em que fomos estudantes de Medicina.
E não foi somente o relacionamento amoroso fruto particular positivo dos meus anos acadêmicos. Ao longo daqueles seis anos, construí fortes laços de amizade com colegas e professores, os quais perduram até os dias de hoje. Com cada um deles, tive aprendizados valorosos. Entendi que, para ser a médica que almejava, era necessário desbravar, questionar, pesquisar e me esforçar intensamente. Toda minha trajetória médica foi pautada em muito estudo e empenho. Vivi muitas alegrias e descobertas, auxiliares na construção do meu caráter e da minha atuação profissional. O ano de 1980 – no qual me casei e conquistei meu tão sonhado diploma – foi um marco em minha vida.
Escolhi fazer residência médica em Ginecologia e Obstetrícia por ser esta uma especialidade voltada para a mulher em todas as etapas da sua vida. De 81 a 83, especializei-me no Hospital Geral do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social, em Goiânia. Foram dois anos de muito aprendizado e inúmeras horas de plantão. Atuar nas áreas de Reprodução Assistida, de Ginecologia Endócrina e de Endoscopia ginecológica, motivou-me no momento da escolha da especialidade.
Minhas filhas nasceram durante os anos de residência, em 1981 e 1983. Não foi fácil conciliar a maternidade com os afazeres desta etapa da minha formação, e o Prof. Dr. Argeu Clovis de Castro Rocha, meu mestre e chefe na residência, foi testemunha deste grande desafio. Mas quando me tornei mãe, me senti mais completa e tive ainda mais certeza da minha escolha pela Ginecologia. É gratificante auxiliar na realização de sonhos, ver mulheres se tornarem mais fortes e focadas, assim como eu mesma me transformei com a maternidade. Meu filho Tiago nasceu dez anos depois, em 1991, completávamos assim o nosso núcleo familiar. O maior projeto da minha existência sempre foi conseguir conciliar a minha vida profissional com a pessoal e familiar. Digo, com orgulho, consegui.
Tive a oportunidade de diversificar minha atuação como ginecologista e obstetra em consultório; no serviço público, após aprovação em concurso para a Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, onde atuei por 35 anos; e como professora na mesma Faculdade de Medicina responsável pela minha formação. Esta última, razão diária de novos estímulos e ânimo perante a ginecologia. A troca saboreada ao longo dos encontros com alunos, futuros colegas de profissão, é rica e transformadora. O conhecimento acumulado dentro e fora das salas de aula é preciosíssimo tanto para o desenvolvimento humano quanto para o de nossa atividade. Sou professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFG há 35 anos, e tenho a satisfação de contribuir para a formação de inúmeros acadêmicos e residentes. Quão grata sou por essa experiência!Me sinto honrada e prestigiada com a presença da magnifica reitora Angelita Pereira de Lima, nesta solenidade
Outra atividade que sempre chamou a minha atenção foi a vida associativa e, por isso, exerci vários cargos administrativos. Por dois mandatos, de 92 a 96, presidi a Sociedade Goiana de Ginecologia. Fui Diretora Executiva da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da UFG, de 2001 a 2003 e, posteriormente, de 2003 a 2006, da Fundação de Apoio à Pesquisa da UFG. Atuei como Diretora Técnica do Centro de Reprodução Assistida da Fêmina Hospital e Maternidade de 2004 a 2006 e, há dois anos, assumi o cargo de vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, a FEBRASGO, representando a região Centro-Oeste até 2024.
Sempre fui atuante na FEBRASGO, e um dos fatos dos quais me orgulho muito foi ter sido presidente do 48º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia, realizado em Goiânia no ano de 1999. Ser a primeira mulher a presidir um congresso brasileiro, em uma especialidade eminentemente feminina, teve um significado especial, porque representou o reconhecimento da importância das mulheres na medicina e na Federação.
Em 2011, outro sonho se tornou realidade: tornei-me Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da UFG. Minha tese foi desenvolvida na área de pesquisa com fármacos. De 2015 a abril de 2021, fui Chefe do Setor de Gestão da Pesquisa e Inovação Tecnológica do Hospital das Clínicas da UFG/EBSERH, e coordenei o Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do hospital. Atualmente, contínuo como Membro consultivo. Faço parte, como sócia, do corpo clínico da Humana Medicina Reprodutiva e do Centro Avançado de Endoscopia Ginecológica.
Em abril de 2020, fui eleita acadêmica da Academia Goiana de Medicina. É uma grande honra estar entre colegas de profissão que admiro, respeito, e os quais sempre foram fonte de inspiração para mim.
A tão sonhada solenidade de posse, entretanto, teve que ser adiada em razão da pandemia da COVID -19, que trouxe tanto sofrimento e perdas irreparáveis. Felizmente, graças a Deus, à ciência e à vacina, estamos conseguindo superar esse período crítico e já podemos sonhar com nossas vidas de volta. Assim, finalmente, posso ser empossada pela AGM, fato este que representa um marco na minha biografia e na minha vida.
Em abril de 2021, em plena pandemia, assumi o cargo de Diretora Geral do Hospital e Maternidade Dona Iris, o qual tem sido um desafio diário, mas que enfrento com coragem, persistência e apoio de muitos profissionais competentes e qualificados de todas as áreas administrativas e da saúde. Trabalhar em prol da população assistida pelo Sistema Único de Saúde, prestando um atendimento digno e respeitoso, sempre me motivou e motivará.
Como já citado anteriormente, compartilho do mesmo sentimento experimentado por muitos de vocês presentes aqui hoje: a medicina é uma paixão, uma missão que vai muito além do ofício. Agradeço a Deus, todos os dias, pelo privilégio de exercer uma profissão digna, de ajuda ao próximo. Profissão esta, que procuro sempre exercer dentro dos preceitos éticos e humanitários que devem nortear o médico no exercício da medicina.
Ao longo de toda minha carreira, e mais ainda após o magistério, coloco-me constantemente no papel de aluna. São inúmeras as oportunidades que a vida nos traz, assim como são inúmeros os erros e os acertos que nos levam exatamente onde devemos estar. Sábios são aqueles que conseguem extrair o melhor de cada um desses momentos. Assim, espero ter sabedoria suficiente para aproveitar a experiência dos colegas da Academia e, dessa forma, progredir.
Orgulho-me muito da minha história de vida – construída com muita dedicação e amor, da família unida e feliz que tenho e dos amigos que conquistei e mantive ao longo da vida. Em respeito a toda minha trajetória e às pessoas que estiveram comigo ao longo do caminho, afirmo, publicamente, meu compromisso de honrar a cadeira 14, que ora me é concedida. Respeitarei e cumprirei os princípios estabelecidos no Estatuto Social, no Regimento da Academia Goiana de Medicina, na cidadania e no respeito ao próximo.
Compreendo a importância deste título e a responsabilidade que ele traz em continuar trilhando um caminho de dedicação à nossa profissão, de luta por avanços e de melhoria contínua tanto para nós, médicos, quanto para a sociedade. Atuarei com afinco, diuturnamente, para representar os colegas nesta missão, usando meus conhecimentos e minha experiência para o engrandecimento desta casa, que agora passa a ser minha também.
Estarei sempre pronta para ouvi-los e aprender com seus ensinamentos, meus amigos! Mais ainda, para evoluirmos juntos.
Finalizo minha fala, nesta noite memorável para mim e para os meus, com um poema da nossa poetisa mor CORA CORALINA, conterrânea da minha mãe e da minha avó, fazendo referência e reverência às minhas origens. Este poema sintetiza meu modo de ver e viver a vida.
SABER VIVER
Não sei… se a vida é curta
Ou longa demais para nós,
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
Mas que seja intensa,
verdadeira e pura… enquanto durar.
Muito obrigada!!!!!!!